A Terra
O regresso a Portugal é também um regresso à terra. O campo era o seu sítio de paz. Regressava à Quinta da Carvalha, às leituras de Rodrigues Lobo, com quem certamente se identificava pelo amor à Natureza e ao seu torrão natal. Também ele organizou à sua volta uma “Corte na Aldeia”, esta com uma experiência mais cosmopolita e num país mais aberto ao exterior. Baltazar Gomes Figueira foi outro “vizinho”, que na vila de Óbidos soube aclimatar a sua aprendizagem sevilhana, com quem Jorge Estrela dialogava com especial prazer, e cuja obra conseguiu trazer à luz, depois de séculos esquecida na sombra da obra da filha, Josefa de Óbidos.
Os Frutos
Jorge Estrela via-se como pintor. O seu olhar era profundamente pictórico, e carregado de uma erudição que lhe permitia debruçar-se sobre a pintura, por exemplo, do já referido Baltazar Gomes Figueira, identificando o nome científico de cada planta, de cada flor, de cada fruto, desfazendo assim interpretações superficiais.
Podia passar uma manhã na serra a observar cogumelos, e depois preparar um banquete com os que colhera. Esse interesse levou-o a fundar, em 1990, a Sociedade Portuguesa de Micologia. Transpunha todas estas experiências para a pintura, desde as rápidas anotações nos cadernos de campo até às pranchas rigorosamente acabadas, ou para uma tertúlia, acompanhada de uma garrafa de vinho para a qual havia desenhado o rótulo.
Poema Cogumelos