Entre Lisboa e Paris
Licenciou-se em pintura, na Escola de Belas Artes de Lisboa. Findo o curso, exilou-se em França, entre 1966 e 1975, onde fez o mestrado em História de Arte e trabalhou diversos meios de expressão, da publicidade à banda desenhada. Aí viveu de perto o Maio de 68 e a pintura que desenvolveu neste contexto é fervilhante de contrastes e ritmos, impregnada das cores puras da Pop Art, profundamente musicais, cheias de humor, que chocam com a realidade portuguesa da época. Um profundo abismo separa estas obras do retrato da sua colega de faculdade Gina Azevedo – uma das mulheres mais torturadas pela PIDE – pintado em 1963, ainda num Portugal sombrio.
O Regresso a Leiria
Regressado a Portugal em 1975, vê surgir um país em conflito consigo próprio, quer no campo político, quer com o seu próprio território em acelerado e caótico processo de urbanização. É neste contexto que Jorge Estrela, juntamente com um grupo de amigos, procura acordar as consciências e formar o sentido crítico dos cidadãos, através da exposição O Saque da Cidade de Leiria, em 1977. Pouco depois, teve um papel fundamental na defesa do Mercado de Santana, obra exemplar de Ernesto Korrodi, cuja demolição chegou a estar aprovada, para em seu lugar surgir um prédio moderno. Seria a segunda morte deste sítio, depois da demolição do antigo convento, mas desta vez os tempos eram já outros e mais propícios a outros combates, travados na imprensa, onde foi cronista assíduo, de escrita cuidada e sentido de humor apurado.
Explicação Saque pelos Autores